Terceira Reunião do GT Glossário da Cultura já começa a desenhar os primeiros termos da Ontologia

por Paulo Zab

A III Reunião do GT Glossário da Cultura aconteceu nos dias 05 e 06 de julho em Brasília.

De acordo com Leonardo Germani, Coordenador Geral do Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais- SNIIC, este grupo está seguindo uma metodologia baseada no modelo de Stanford e que possui uma série de etapas a serem realizadas em grupo. “No começo fizemos uma reunião para definir o escopo da ontologia, para que serve e quais são os objetivos que queremos atingir, ou seja, definiu-se qual seria o campo de atuação desta ontologia. Na segunda reunião, fizemos uma avaliação para conhecer outras ontologias, dicionários e taxonomias que são utilizados e verificamos o que poderia ser aproveitado no nosso trabalho. E agora na terceira reunião, começamos a desenhar a ontologia de fato”, afirma.

O GT Glossário da Cultura começa a desenhar quais são os termos e as grandes classes e categorias de informações básicas desta Ontologia da Cultura, que vão dar conta de tudo o que se quer organizar de informação nesse trabalho. Leonardo diz que existe uma preocupação em manter no site um histórico para permitir que qualquer pessoa que chegue no meio do processo consiga tomar pé e entender. “Cada discussão que temos aqui é feita em cima de um monte de conceitos abstratos. Não é uma coisa simples. Se você chegar no meio pode ser até que tenha subsídios para contribuir do ponto de vista do conhecimento do setor, mas se você não entender alguns conceitos básicos que você está trabalhando da própria taxonomia, ontologia, termos, atributos, você pode ter muita dificuldade para contribuir”, comenta.

Leonardo também afirma que o trabalho do GT está tendo uma ótima aceitação, seja nos órgãos públicos, seja de pesquisadores, “todos entendem muito claramente o problema que tentamos resolver com este trabalho”. Ele relata que existe uma compreensão muito grande do setor cultural de que este é um trabalho que deve ser feito e o feedback recebido é bem positivo no sentido de continuar neste caminho. “Até agora temos documentado um processo que é muito inicial ainda. Agora entraremos em uma nova fase onde será preciso desenhar, ou seja, construir as caixinhas”, afirma.

Dalton Martins, um dos representantes da Universidade Federal de Goiás – UFG, ressalta que este é um trabalho bastante complexo. Muito difícil de fazer porque é bastante abstrato. “Especificamente neste terceiro encontro chegamos ao resultado de já conseguir nomear as principais classes que irão compor esta Ontologia de base, que já é um resultado bastante satisfatório, já que no primeiro encontro definimos o que é o Escopo da Ontologia, o que ela deve definir, sua área de atuação, seus objetivos. No segundo encontro fizemos a  análise de uma série de fontes de informação que são inspiradoras para a formação desta ontologia, onde temos elementos que já apontam para algumas classes centrais que deveríamos considerar e no terceiro encontro fizemos a validação deste trabalho, relembrando o que fizemos nos encontros anteriores e encontrando caminhos para entender que essa modelagem já está dando visibilidade para estes principais conceitos”, comentou após a reunião.

O professor Dalton avalia que esse é um resultado muito bom, segundo uma avaliação geral, já que em três encontros foi percebido o amadurecimento do grupo. Alguns termos técnicos que antes eram desconhecidos acabaram ficando mais claros. De alguma maneira todos estão entendendo melhor o objetivo do trabalho. “Vale ressaltar que, o objetivo deste GT não é apenas fazer a ontologia, mas também formar os participantes nesta linguagem e neste método e vamos aprendendo com o processo. Temos muito engajamento nas discussões dos participantes”, afirma.

A respeito dos modelos estudados, o professor Dalton disse ainda que são de organizações que desenvolvem ontologias relacionados às áreas de cultura e internet. Os dois modelos de organização são da BBC, que é uma empresa pública de mídia da Inglaterra e também da Nature, que é uma revista científica de publicações de artigos acadêmicos. “Basicamente a ideia que estes dois modelos trazem é o de construir uma ontologia de base, composto de termos mais genéricos possíveis e uma ontologia de domínio, com especializações para os posteriores domínios culturais, que seriam basicamente: teatro, dança, biblioteca, museu e ideias que serão construídas futuramente. 

A representante do Colegiado Setorial de Música, Dani Ribas, uma das seis representações do CNPC no GT  Glossário da Cultura, acredita que o trabalho progrediu bastante, pois lembra que na primeira reunião foi feito um esforço grande para compreender a metodologia e para saber sua serventia, suas potencialidades e limites. “Considerando que as pessoas que estão aqui não são da área de tecnologia da informação e após esta terceira reunião houve um entendimento alinhado a esta heterogeneidade de que o GT que constrói a ontologia de base para o sistema de informações e indicadores culturais se trata de um trabalho técnico, supra partidário de uma política estruturante de estado e não de governo, ou seja, uma política pública”.

Dani acredita que é fundamental que se visibilize este trabalho para a defesa de algum direito cultural que esteja exposto na sociedade brasileira como, por exemplo, os conselhos municipais e estaduais e fundos de cultura. Ela afirma também que se existir uma ontologia voltada para a unicidade deste sistema, teremos que visibilizar o processo de construção desta ontologia para a garantia de direitos fundamentais que vieram com esta política do Sistema Nacional de Cultura. “Então nesta terceira reunião veio este entendimento entre os participantes de que temos a responsabilidade de levar adiante dentro destas sazonalidades do que possa acontecer. O GT é um grupo comprometido. A participação social é importante. Enquanto membros dos setoriais, nós participamos não apenas com questão dos setoriais, mas também com questões específicas”, concluiu.

Anahi Rocha foi convidada pelo MinC para apresentar sua dissertação de mestrado a respeito da plataforma anterior do SNIIC, na perspectiva tanto da ciência quanto do design da informação. Fez um diagnóstico a respeito do que ela oferecia e quais as possibilidades que tanto a ciência quanto o design da informação poderiam apontar para melhora dos problemas apresentados. Foram várias frentes de estudos para desenvolver o trabalho.

Ela relata que foram desenvolvidos quatro capítulos sobre a plataforma como repositório de memória cultural, sob a perspectiva da geração de formulários e documentos eletrônicos, que deveriam ser tratados arquivisticamente e também a necessidade de um tesauro, ou seja, de um controle de vocabulário para recuperação da informação. “A identificação da necessidade de um instrumento de controle de vocabulário vem de encontro com este trabalho que tem sido realizado aqui neste GT. Existe a mesma convergência de pensamento de que você tem uma diversidade de termos de polissemia e sinonímia muito grande na cultura, uma diversidade cultural muito grande, e que precisa ter este mapeamento e controle destas inteligências e expressões. A ontologia vem para mostrar como se dá esta sistematização da cultura em seus departamentos, nichos, onde pode ser segmentada e entendida. Como as convergências se dão em torno destas áreas”, explica.

A coordenação do GT começa a avaliar que este é um momento onde vão aparecer as divergências não só pela questão de elaboração de um formato concreto para a ontologia, mas também que a partir deste encontro começará um processo além do presencial, pois será mais contínuo de debate online para definição dos termos. “Então, agora que esperamos ter uma participação maior de pessoas de fora do GT neste diálogo constante, já que teremos esses encontros presenciais, mas também teremos estes diálogos que irão se estender para fora daqui e no ambiente online a discussão constante sobre a ontologia. Tivemos um feedback positivo até agora e esperamos que as pessoas possam participar ativamente conosco”, disse Leonardo Germani.

A próxima reunião do GT está marcada para os dias 27 e 28 deste mês.

Crédito das fotos: Shigeaki Alves

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Participantes

Membros da Comissão SNIIC/servidores MinC e Entidades Vinculadas:Bruno Henrique Rodrigues de Melo, Gisele Dupin, Jessica de Freitas Afonso, Letícia Krauss, Luciana Grings, Christiane Neves, Rose Miranda, Simone Hastenreiter, Jorge Luiz Miguel, Luis Guilherme Alho Batista, Rafaela Gomes Gueiros Rodrigues de Lima, Miriam Araújo, Francisco Leme da Silva, Débora Peres, Cristiane Moura, Verena Castro, Priscila Dorneles , Leonardo Germani, Renato Schattan, Nitai B.

Representantes indicados pelo Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura: Claudineli Moreira Ramos, Fernanda Matos.

Representantes indicados pelo Fórum dos Secretários e Dirigentes de Cultura das Capitais e Regiões Metropolitanas:

Representantes da sociedade civil, indicados, preferencialmente, pelo Conselho Nacional de Política Cultural: Daniela Ribas Ghezzi; Diego Barbosa da Silva; Elisa Campos Machado, Paulo Rômulo Ramos, Shigeaki Alves, Alexandre De Mello Cavalcanti Júnior.

Universidade Federal de Goiás (UFG): Dalton Martins.

Convidados: Anahi Rocha Silva (Unesp/Marília); Juliana Doretto (Cetic).

 

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