Países latino-americanos debatem contas-satélite da cultura

Experiências de contas-satélite da Cultura na América Latina foram destaque na terça-feira (15), durante o Seminário Latino-Americano de Informações e Indicadores Culturais. Realizado pela Secretaria de Políticas Culturais (SPC) do Ministério da Cultura, o evento segue até esta quarta-feira (16), no hotel Mercure, em Brasília.
A colombiana Diana Rey abriu as exposições. Ela é responsável pela área de Cultura do Convênio Andrés Bello (CAB), organização internacional de caráter intergovernamental que promove integração e desenvolvimento de um espaço cultural comum entre os países-membros. O CAB é o criador da metodologia de pesquisa das contas-satélite (ferramenta para obtenção de indicadores) de cultura na América Latina. Confira aqui sua apresentação.
A palestrante apresentou um breve histórico do modelo, que surgiu ainda na década de 90, quando países como Colômbia, Venezuela e Peru começaram a pensar em como estudar o setor cultural. “A utilização desse instrumento é muito importante para avaliar a dimensão econômica e o impacto social da cultura para o desenvolvimento”, afirmou.
Diana contou que a metodologia se desenvolveu na área ibero-americana a partir da cooperação de representantes do segmento de cultura com instituições de estatística e finanças. A representante do Convênio Andrés Bello informou que as contas-satélite de cultura oferecem dados como identificações de produtos culturais e as atividades que os geram, análises de consumo e gastos e demandas por produtos culturais.
Para Diana, a ferramenta contribui para analisar a evolução da economia da cultura, fortalece as estatísticas nacionais e serve como fonte para avaliação de políticas públicas. Ela apontou que atualmente, na Ibero América, há três estágios de uso das contas correntes. Existem os países que consolidaram a ferramenta, como Espanha, Argentina e Chile; os que começaram o processo e têm avanços nas estatísticas do setor cultural, como Brasil, Paraguai e Peru; e outros que estão implementando o mecanismo, entre os quais Cuba e Bolívia.
O painel também contou com Maria Alejandra Aspillaga Fariña, do Conselho Nacional de Cultura e Artes do Chile, responsável pela Conta Satélite da Cultura e Mapeamento das indústrias Criativas de seu país. Ela disse que a implementação do instrumento, que vem desde 1999, foi um processo árduo, mas de grande utilidade. Confira aqui sua apresentação. 
Desde 2004, foram gerados vários estudos, com fontes públicas e privadas, que retratam a economia da cultura chilena em setores como audiovisual, fotografia, artes cênicas e desenho. “Tivemos avanços significativos em obter informações sobre esses segmentos, como, por exemplo, a presença majoritária de micro, pequenas e médias empresas”, informou.
Alejandra elogiou a iniciativa do Seminário Latino-Americano, nas palavras dela uma instância significativa para debate. “Achei muito interessantes as experiências brasileiras do Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC), do Ministério da Cultura, e as Pesquisas de Informações Estaduais e Municipais (Estadic/Munic), realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”, contou.
O Seminário ainda teve a participação de Raúl Ernesto Casas Valencia, do Ministério da Cultura da Colômbia. Ele falou que esse sistema de informação das contas-satélite de cultura está em processo contínuo de aprimoramento em seu país. “Trata-se de uma ferramenta que permite grandes avanços nas nossas políticas públicas, que permite visualizar como se apresentam a produção e o consumo, além de identificar questões que precisam ser solucionadas”, declarou. Confira aqui sua apresentação.
Raúl comentou que, na busca por esse tipo de dados, é importante a articulação e a parceria do poder público com instituições privadas e agentes independentes, como galerias e centros culturais. O colombiano informou que a cultura responde por cerca de 1,5% da atividade econômica de seu país, mas que há um grande número de empreendedores na informalidade que não são atingidos pelas estatísticas oficiais.
Raúl Ernesto também elogiou a realização do Seminário. “Creio que é fundamental haver espaços de discussão que relacionem a cultura à economia. É um convite para se refletir a respeito da cultura, também, por um ponto de vista social, artístico e patrimonial”, disse.  A mesa foi mediada por Adriana Meireles,coordenadora de Infraestrutura de Informações culturais do MinC.
Além destas experiências, há de se destacar a da Costa Rica, que em pouco tempo conseguiu realizar levantamentos sobre setores importantes como a música, as artes cênicas e design. Confira abaixo o vídeo.

Confira as fotos da mesa de debates.

Marcelo Araújo
Secretaria de Políticas Culturais
Ministério da Cultura

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