Economia da Cultura é tema de debate

Um painel sobre o tema Economia da Cultura deu desfecho ao Seminário Latino-Americano de Informações e Indicadores Culturais, na tarde desta quarta-feira (16). Realizado pela Secretaria de Políticas Culturais (SPC) do Ministério da Cultura (MinC), o evento aconteceu no hotel Mercure, em Brasília.
A apresentação teve como mediador o professor Leandro Valiati, coordenador do Observatório de Economia Criativa (OBEC) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Na abertura, Valiati destacou a oportunidade de se discutir indicadores na perspectiva da economia da cultura. “Trata-se de dados extremamente qualificados para que possamos compreender o impacto e de que forma a economia da cultura se estrutura como agente para o desenvolvimento social”, disse.
Silvia Finguerut, coordenadora da FGV Projetos, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apresentou ao público do Seminário o estudo A Cultura na Economia Brasileira. Segundo a palestrante, o trabalho teve como ponto de partida delimitar o conceito de atividades culturais, diferenciando-as dos setores de economia criativa, que reúne disciplinas como a publicidade, e o de entretenimento, que agrega inclusive esportes como o futebol. Baixe aqui sua apresentação.
Com dados de 2013, atualizados em 2014, a pesquisa da FGV envolveu gastos públicos, mercado de trabalho e consumo familiar. Silvia informou que, no período analisado, os gastos públicos federais, estaduais e municipais com cultura chegaram a R$ 4,8 bilhões. Ela também contou que os recursos federais para a área cresceram 19% entre 2003 e 2013.
Já no quesito mercado, Sílvia ressaltou que dos 49 milhões de trabalhadores com carteira assinada no país, 222 mil pertencem ao setor cultural. Em relação aos empreendimentos, dos mais de 6 milhões, 60 mil são de cultura. Neste setor, os melhores salários, de acordo com a coordenadora, estão em Livros e Leitura, no qual 36% dos profissionais ganham entre três e sete salários mínimos.
Frederico Barbosa, representante do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) frisou que números não bastam por si só e necessitam de análise para compreensão adequada. “Precisamos interpretar os dados à luz de múltiplos desenvolvimentos regionais e territoriais. Um aumento no consumo de determinado produto cultural – fato que pode estar relacionado a questões de mercado – não reflete necessariamente qualidade”, exemplificou. Confira aqui sua apresentação.
Ana Cecilia Cissi Montilla Rugeles, diretora de Educação Artística e Serviços Culturais do Instituto Queretano de Cultura e Artes, do México, falou sobre o Sistema de Informação Cultural (SIC) de seu país. Esta ferramenta reúne diretórios, planos, imagens, detalhes de serviços e outras informações. Veja sua apresentação aqui.
Ana Cecilia afirmou que o SIC existe a partir da construção e gestão da informação junto com a construção de redes. Com informações como a relação do público com estruturas e programas, surgem subsídios para as políticas públicas.
Ana Cecilia chamou a atenção para a importância de os países da América Latina conectarem seus sistemas de informação para compartilhar experiências. Com seu SIC consolidado, o México tem ajudado outras nações a desenvolverem seus próprios sistemas, como El Salvador, Costa Rica, Honduras e Panamá. “O interessante é que após nossos técnicos partirem, esses países começaram a caminhar com suas próprias pernas nesse trabalho”, relatou.
Maria Alejandra Aspillaga Fariña, do  Conselho Nacional de Cultura e Artes do Chile, apresentou o Mapeamento das Indústrias Criativas, realizado entre 2011 e 2014. “Este levantamento considerou atividades organizadas que têm como principal objeto a produção, reprodução, promoção, difusão e comercialização de bens e serviços de conteúdo cultural, artístico ou patrimonial”, explicou. Acesse a apresentação aqui.
Entre os dados informados está o de que 93% das empresas de cultura chilenas são micro empresas.  Maria Alejandra também destacou questões como o perfil do setor de Audiovisual de seu país, concentrado na produção independente, publicidade, televisão e cinema.

Marcelo Araújo
Secretaria de Políticas Culturais
Ministério da Cultura

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